sexta-feira, 30 de novembro de 2012

CURA GAY - UMA VISÃO CRÍTICA DA AUDIÊNCIA

"Na verdade, já é realmente uma falta entre vós, terdes demandas uns com os outros. Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não sofreis antes o dano? Mas, vós mesmos fazeis a injustiça, e fazeis o nado, e isto aos próprios irmãos." 1ª Coríntios 6.7-8


Começo esclarecendo de que a visão avaliativa e crítica a ser apresentada e as sugestões que serão apresentadas nas linhas abaixo são de fórum particular (entretanto, como um cristão evangélico, irei focar nesta minha realidade;). Não sendo especificamente a opinião de outras pessoas do meu circulo de convivência (como a igreja que congrego, por parte da sua liderança e de outros homoafetivos cristãos evangélicos;).

O objetivo deste texto tem como finalidade apresentar o que – de fato – observamos em nossa participação, enquanto cidadãos brasileiros, na audiência pública que ocorreu no dia 27/11/12 no anexo 2 da Câmara dos Deputados, na sessão da Comissão de Segurança Social e Família (CSSF), que discutiu a liberdade do profissional de psicologia de tratar ou não os pacientes homossexuais que buscassem um tratamento para sua orientação sexual, a tão falada “cura gay”.

ENTENDO O PROJETO “CURA GAY”

Faz-se necessário que você, leitor deste blog, entenda o projeto popularmente chamado de “cura gay”. O projeto de decreto legislativo (PDL) 234/11 é de autoria do deputado João Campos (PSDB-GO) que na verdade é uma reapresentação do PDC 1640/09, do deputado Paes lira (PTC/SP), que foi arquivado por causa do encerramento da última legislatura. O texto de Campos quer sustar a aplicação de dois dispositivos da Resolução 1/99 do Conselho Federal de Psicologia, os quais orientam que os profissionais da área da psicologia não devem propor tratamento para curar a orientação sexual dos homossexuais e nem de usar mídia que reforce o preconceito contra estes.

“Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades”, este é primeiro dispositivo que Campos deseja sustar com o seu projeto. Já o segundo dispositivo que tem o alvo para ser sustado diz que “os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica”.

Com o discurso, de que com a Resolução 1/99 do Conselho Federal de Psicologia “restringe o trabalho dos profissionais e também o direito da pessoa (o homossexual no caso) de receber orientação profissional”, o deputado João Campos fundamenta o seu projeto.

COMEÇA A AUDIÊNCIA

Mesa para composta para a audiência.
Os participantes eram estes (seguindo a sequência da imagem ao lado da esquerda para a direita): Toni Reis – presidente da Associação Brasileira de  Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABLGBT), pastor Silas Malafia – pastor evangélico e (palavras do próprio) encontrava-se nesta audiência como um profissional da área de psicologia, Deputado Mandetta – deputado democrata, médico ortopedista e líder da comissão citada acima, Dr. Humberto Cota Verona – presidente do Conselho Federal de Pscicologia e a Dra. Marisa Lobo Alves, psicóloga cristã evangélica.

A primeira fala foi direcionada para o Dr Verona e ele começou ressaltando que a homossexualidade, desde 1991, foi retirada do rol de doenças pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Ele ainda citou que a criação de um conselho é justamente para dar-lhe o poder supremo e único para definir os limites das competências profissionais da área que tal conselho atuará. O Dr Humberto deu um show de educação, clareza e objetividade na sua oportunidade.

A segunda fala já foi direcionada para a Dra. Marisa Lobo Alves que, infelizmente, na sua oportunidade “tentou” embasar sua condição favorável ao projeto do deputado Campos com uma enxurrada de slides desnecessários para aquele momento. E, infelizmente, dando um péssimo exemplo “alfinetando” a militância com tons arrogantes e frases de efeitos sem sentindo! É triste ver uma pessoa que poderia ter dado o seu recado de uma forma mais polida.

Já a terceira fala foi dada para o senhor Toni Reis que também com uma porção de slides apresentou sua condição contrária ao projeto. Houve dois pontos altos da fala do senhor Toni sendo uma delas a exposição de como os nazistas atuavam contra os homossexuais (o que gerou mais bate-boca e urros de discórdia). E o outro ponto alto foi a sua frase de finalização da sua oportunidade, “ [...] este projeto deve ser urgentemente arquivado. Se a homossexualidade for doença, todos os homossexuais devem  ter aposentadoria compulsória. Devemos já imediatamente realizar uma audiência acerca do orçamento federal para já averiguar o rombo financeiro!”.

Talvez – e estrategicamente falando – a comissão deixou para última fala o pastor Silas Malafaia (que todos nós sabemos ter uma obsessão absurda com a questão homossexual!). Com o seu discurso azedo, polêmico e por meio de frases estridentes ele acusou o Conselho Federal de Psicologia de realizar “ativismo gay”. Pensem na balbúrdia que foi durante a fala do senhor Silas.

PÉSSIMOS EXEMPLOS: DE AMBOS OS LADOS

O que ficou evidente foi um festival de bate boca absurdo entre a militância LGBT e alguns da bancada evangélica do cenário político. Enquanto os convidados falavam, dependendo da sua “frase de efeito”, cada lado gerava aplausos, vaias ou mesmo gritos de acusação! Uma triste cena que – alguns de nós – já sabíamos que iria acontecer como em outras vezes!

Cartazes de acusação contra os pastores evangélicos foram apresentados pela militância presente com palavras de baixo calão. Infelizmente não tivemos uma boa oportunidade de registrar tais cartazes. Entretanto, reproduziremos o texto (sabendo que alguns não concordarão) e um deles era este: “Silas se quer cuidar de *Ú vire procto!”. Outro péssimo exemplo da militância que ocasionou em uma tremenda confusão que foi o cartaz que apresentava o símbolo nazista e neste citava o nome do senhor Silas como fascista! E tal cartaz já tinha sofrido mais de 5 advertências para que não fosse usado. Então, na última a polícia parlamentar foi acionada para retirar o militante que o tinha levantado e foi quando a confusão de bate boca e balbúrdia retomou a sala. Entrou em cena nesta hora o deputado Jean Willys pedindo para que a militância "não desse munição para que eles (evangélicos) os atacassem". A Deputada Erica Kokay também tentou minimizar os excessos dos militantes LGBT presentes. Ele recolheu o cartaz das mãos do militante. Mas, graças a Deus, não passou de bate boca! 

"Irmãos, não faleis mal uns dos outros." Tiago 4.11a

Já a bancada evangélica presente, mesmo depois de várias orientações do presidente da mesa, o deputado Mandetta, achava-se no direito de aplaudir e apresentar manifestações desnecessárias quando os seus representantes falavam. Ou mesmo com palavras duras contras os militantes que levantam os cartazes. Ou seja, de ambos os lados os exemplos foram os mais errados.

INTERSEÇÃO

Ao ouvirmos na audiência o comentário do senhor Toni Reis “[...] vejam como estamos separados dentro desta sala. Evangélicos de um lado e a militância do outro.”, e comentamos “E nós, IGREJAS INCLUSIVAS, estamos bem no meio”. O que de fato ocorre.

Na imagem acima representamos pelo conceito matemático da interseção como hoje pode ser visto o cenário que denominamos “cristão-homossexual-político”. (A, sendo as igrejas tradicionais que possuem representantes no Congresso e na Câmara; e B, sendo as militância LGBT; e a Interseção, que é o conjunto que possui elementos dos dois conjuntos, ou seja, as Igrejas Inclusivas).

É muito bom esclarecer que nem todas as Igrejas Inclusivas estão voltadas (ainda não!) para este cenário que urgentemente clama por um posicionamento delas. As Igrejas Inclusivas (e não seremos generalistas) não são bem vistas nem pelo conjunto A e nem pelo B. Ou seja, sofre discriminação de ambos os lados! 

Ficamos imaginando como seria se naquela mesa da audiência houvesse um representante que defendesse fortemente a Palavra do Senhor, mas sendo um verdadeiro imitador de Cristo Jesus. E não um defensor de ideias e egos!

Precisamos mobilizar urgentemente uma comitiva legal e que defenda a homoafetiva à luz da Bíblia, mas tomando os exemplos já vistos para que esses não sejam repetidos. Como lemos em uma rede social onde divulgamos algumas imagens da audiência, muitos concordam que pelo comportamento atual da militância nada virá a ser conquistado.

"A sabedoria porém, que vem de Deus é antes de tudo pura; depois, pacífica, amável, compreensiva, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sem fingimentos." Tiago 3.17

É preciso nos apresentar a sociedade uma outra face, outra militância LGBT, uma face de servos e servas do Deus Vivo! Precisamos agir conforme a Palavra de Deus em vários aspectos dos ensinamentos do Mestre, Jesus Cristo. E, claro, sendo mais articuladores, estrategistas  e focados.

Não retiramos aqui o crédito da militância atual que já conquistou espaço. Mas, pelo que vimos ali na audiência e do jeito que vai o modelo de representatividade, sinceramente, nada irá fluir de forma correta e boa para ambos os lados (e conjuntos!).

ATACAR É CORRETO?

Aos que são cristãos evangélicos e conhecem a história de Saul e Davi. Davi teve várias oportunidades de matar Saul, entretanto, em nenhuma delas ele ousou tocar em Saul, ele sempre dizia: “ai de mim se tocar em um ungido do Senhor”. Independente de qual seja o cenário de ataques e acusações, nada, nada, justifica o que vimos nesta audiência.

Ambos os lados, de forma errônea agindo e pensando que estavam corretos, ledo engano! E, os egos, inflamados deixando as situações mais delicadas!

Aprendemos com o Espírito Santo a mensagem que lemos em Romanos 12.17, quando Paulo refere-se que não devemos pagar o mal com o mal. Terminamos este texto sinalizando a urgência das Igrejas Inclusivas de se  posicionarem no meio das discussões atuais.

A sociedade, os cristãos evangélicos tradicionais e a militância LGBT precisam nos conhecer e saber que o Senhor, o Deus Vivo, tem feito maravilhas em nosso meio. As Igrejas Inclusivas precisam ser o “Paulo”, o intermediador, neste atual cenário político, social e cristão.

Oremos, meditemos, posicionemos e vamos agir!

 Desejamos que a graça, a paz, o amor incondicional e incorruptível do nosso Senhor Jesus estejam com todos. Sempre!

JC

"Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me de tudo para todos, para que por todos os meios salvasse alguns." 1ª Coríntios 9.22

5 comentários:

  1. Mais Brilhante e inspirado não poderia ser...Muito bem colocadas todas as observações..é muito complicado se lutar por algo,quando a maioria não estar disposto a ter uma postura seria,discurso e ações prudentes!!Jesus ele era um Homem prudente.A igreja em toda sua complexidade precisa deveras amadurecer,não falo no tocante a quantidade de templos ou de tempo de estudos teológicos..Me refiro no tocante a Postura.Lembrando que a causa LGBT hoje é representada por pessoas das nossas "cores" e com mesma orientação sexual,e com certeza lutando por um ideal comum a todos..Todavia muitos sem nenhuma cobertura espiritual,postura prudente e discurso inteligente.Estar mais que na Hora de se levantar uma geração diferente que além de lutar por um ideal,fala,pensa e haje de uma forma diferente...É hora de mostrarmos que não conhecemos a Deus só de ouvir ,e sim de andar com ele e testificar seu amor todo os dias!!!Deus abençoe a Todos!!Ass: Hillário Damázio!!

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  2. Jean, seu texto ficou ótimo e esclarecedor! Amei da parte " Terminamos este texto sinalizando a urgência das Igrejas Inclusivas de se posicionarem no meio das discussões atuais." É fato que conheci as Igrejas Inclusivas há pouco tempo, mas algumas já possuem pessoas dotadas de bastante conhecimento, sabedoria e unção pra estar neste meio fazendo a verdadeira diferença. Imagine por exemplo, se um Pastor Inclusivo conseguisse também se assentar ao lado deles para defender a visão cristã (real) da homossexualidade, de que Deus aceita como o é.
    Ontem estávamos conversando justamente sobre isto: "As igrejas inclusivas PRECISAM se posicionar nestas questões."
    Que o Senhor levante-nos.

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  3. Após ler esta postagem pude entender o que foi proposto e discutido, uma verdadeira pena para nós como seres-humanos (deixando de lado a religião) que a maioria tenha a mente tão fechada a ponto de tratar seus semelhantes de tal forma e vergonhoso para os que se dizem cristãos fugir do foco principal que Cristo nos deixou "Ide e fazei discípulos..."

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  4. Adorei o texto,realmente temos que ter discernimento para façlar sobre o assunto,coisa que nem todos tem, mas isso é uma coisa a se conquistar....

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  5. Gostei do texto. Acho que é esse o caminho, contudo, faço uma observação em relação ao tópico " Atacar é correto ?": realmente acreditas que todos aqueles senhores que tanto nos perseguem são " ungidos do Senhor"?
    sinceramente, fico com sérias dúvidas ao ver suas posturas que nada lembram o Cristo, haja vista a forma que tais pessoas manipulam informação, destorcem ideias para parecerem como vítimas, quase "mártires da fé"!
    Estou começando a acreditar que muitos desses "irmãos" não combatem a causa LGBT por simples fundamentalismo e ,sim,chego a pensar que alguns desses algozes têm alguma má intenção escondida ou como diz a escritura:" Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais."
    Efésios 6:12

    veja como é usado a informação: http://www.youtube.com/watch?v=6bofQ3SV1wo

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